domingo, 21 de fevereiro de 2016

Sorte na Vida



Estive pensando sobre sorte. E sobre o que ela significa para cada um de nós. Algumas pessoas se sentem sortudas apenas quando conseguem o que querem. Outras, apenas por ter acordado. De fato, a sorte se apresenta de maneira diferente pra cada um. E isso tem mais a ver com o caminho que percorremos pra chegar até aonde quer que estejamos, do que com superstição. É claro que ainda tem muita gente que se apega a uma planta, a um número ou cor qualquer. Existem amuletos tão peculiares quanto seus donos. Mas quando o bicho pega não adianta, a tua figa de 2 metros de altura não vai te salvar. Você pode crer em Deus, em cientologia, em nada. O quer que tenha que acontecer, irá de fato acontecer. Mas ao invés de pensar "Oh meu Deus(ou Hawking), por quê?", tente pensar "por que não?". As coisas, boas ou ruins, acontecem a qualquer um, a qualquer hora. E na maioria esmagadora das vezes, não temos o real controle sobre qualquer coisa. Ficar positivo diante de todas as adversidades é mais que uma atitude, é um estilo de vida, que precisa ser reforçado a todo momento. É quando você se dá conta que tem sorte porque ainda tem tanto pra viver e conhecer. Quando percebe que você não esteve entre os 7 de Michigan essa noite. Ou entre os 8 da Candelária. E quando vê que não está na fila do transplante de medula óssea. Ou que "Oba", hoje você vai sair pra jantar. E vai com quem você ama. E vai voltar pra casa com essa pessoa. Entenda, nenhuma vida é boa o tempo todo. As únicas coisas inteiramente boas estão imóveis e sem vida, como uma obra de arte ou aquela fotografia incrível que você fez em sua última viagem. Você é real, sua vida é real e se move. E muda o tempo todo. Enquanto isso, aprenda que ter sorte é poder ter com quem dividir suas tristezas e alegrias. E ter apoio e poder apoiar quem realmente se importa. Poder ser você mesmo, essencialmente você mesmo, junto a quem também está disposto a doar-se da mesma maneira. Amando o que e quem você tem, tendo o que e quem você quer pra sempre amar. Depois de tudo isso posso dizer: apesar de nunca ter ganhado uma bala sequer numa raspadinha, tenho a sorte maior do mundo. Tenho você.

terça-feira, 3 de março de 2015

Decifra-me ou...deixa pra lá.

Um anoitecer comum, um despertar diferente. É assim, como um rio que muda o curso de repente, que segue minha vida. Não porque eu queira, nem porque preciso. Só acontece, como acontece pra alguns, como nunca irá acontecer pra outros. É inútil tentar explicar pra quem nunca teve seu curso desviado, pra quem nunca ficou preso pela pedra no sapato, pra quem nunca perdeu o fôlego e continuou vivo. Não é medo de altura, não é medo de monstro nem da violência do dia-a-dia. É medo de acordar e ver que nada mudou. Ou ver que tudo de repente pode mudar. Medo de viver repetindo o mesmo dia todos os dias. É medo de não poder ouvir além do barulho das pessoas. Medo de repetir o que todos andam dizendo por aí. Medo de perceber que, de uma hora pra outra, você, que era tão especial, virou poeira de estrela. Não pelo ego, mas pela falta de proteção. É nascer de parto anormal e não saber nadar contra a correnteza. E fingir não ver os mortos-vivos. E fingir que não é um deles. É o cinza que se espalhou pelo céu acima da sua cabeça. São as nuvens de lágrimas que molham o terreno fértil de dúvidas que é a sua mente. E a insistência em ser normal, quando ser normal é a maior esquizofrenia da qual se tem notícia. Pensar que se é saudável por questionar a tudo e a todos só vale pra quem também se questiona. Pro resto do mundo, você é a doença negativa que "vive a reclamar do dia que virá". Se é preciso cura pra amordaçar os pensamentos, tratamento de choque pra suavizar as emoções e incontáveis comprimidos pra por um sorriso no rosto, então doente é o mundo em que vivemos. Não posso dançar a música que tocam, então me cortam as pernas. Não consigo ver aquilo que todos gostam, então me tiram a visão. Não gosto de pensar que está tudo bem, então apagam minhas memórias. É um viver insosso o dos nossos tempos. É uma alegre efêmera, uma tristeza passageira, uma vida cada vez mais ligeira. Nascemos, não vivemos e morremos. Somos poeira que o vento leva e ainda assim, queremos ser maiores que tudo. Diante de tamanha pequenice, é a vida quem ri por último. Não sei quem sou e não estou aqui pra descobrir. Mas sigo na jornada que é ver meus dias escorrendo pelas minhas mãos enquanto o dia em que nada disso terá mais importância chegará. Até lá, talvez o lobo pare de bater à minha porta...

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Bom Dia

Quanto tempo levamos pra perceber o que nos tornamos? Alguns levam a vida toda. Outros nem chegam a descobrir o que a vida lhes fez. Passam pelos dias e não enxergam o sol. Passam pelas noites e não sentem o frio. Sequer conhecem o calor. Valores e regras, coisas que os outros lhe impõem. E tudo se sobrepõe ao que, supostamente, não é tão importante assim. Mas são vinte e quatro horas para se arrepender todos os dias. E quase todas estão preenchidas demais para se pensar a respeito. Quando não dormindo, ocupado. Quando livre, adormecido. E ainda que acordado, dormindo e sonhando. Não realizando. Porque a realidade foi algo contado, elaborado e cuidadosamente moldado em sua cabeça desde o primeiro dia de vida. Como questionar um padrão que se repete a cada esquina? Como dizer não para um mundo surdo, cego e mudo? Como salvar uma alma que não aceita redenção? Não falaremos de culpa. Apenas de sonhos que não passam de sonhos. Será tão difícil viver o que se pretende? Presos em amarras inconscientes, mal enxergamos as luzes no fim do túnel. Talvez por não acreditar que ele exista. Queria uma notícia boa, um novo despertar, uma manhã diferente. Alguma voz, mesmo que distante, dizendo: "Ei, acabou! Foi um sonho. Não mais que um pesadelo. Estamos livres!" Mas abro meus olhos e eles se fecham novamente. Não quero ver o noticiário. Não preciso mais ouvir que estamos nos matando, que não paramos de nos multiplicar. Medo fabricado, imposto, meticulosamente arquitetado pra nos engolir. O medo cria obediência, corta asas, molda uma sociedade. Você aprendeu que pra viver, tem que matar. E quando para pra pensar em quem você é, em quem você se tornou, não encontra a resposta. Então vem o vazio, aquele que você acaba achando que é normal, que é da vida. Mas a vida não tem nada de vazia. É que alguém quer nos roubar a alma em cada esquina. A fuga não é da realidade, é da mediocridade. Liberta-te! Ainda que seja breve, viva. Não deixe pra descobrir tarde demais que você é a vida! Então respira e acorda, hoje já é um bom dia.

domingo, 29 de setembro de 2013

É na busca que nos perdemos.

Não gosto de pensar em perfeição pelo simples fato de não saber o que ela significa. Vivemos correndo atrás de alguma coisa que se aproxime do perfeito, da satisfação total, da plenitude. Algo que nos sirva de inspiração pra levantar todos os dias da cama e enfrentar todos os obstáculos da vida vida, sejam quais forem. Mas a questão é: você já chegou perto da perfeição? Não falo daquele tipo que é vendida em propagandas e nas capas de revistas. A perfeição é muito particular, significa coisas diferentes pra pessoas diferentes. Mas existem certas coisas, ainda que pequenas, que me parecem perfeitas - se é que posso chamá-las assim. Coisas como receber um sorriso de quem você ama e quando pergunta o por quê, ouve a resposta: "Tava só admirando."; levantar da cama se sentindo linda (e conseguir voltar pra ela ao final do dia com a mesma sensação); comer chocolate sem culpa; ter a liberdade de adorar o clima mesmo que ele não esteja ensolarado; ouvir uma música e ser transportado pra outro planeta; ver um filme e querer pertencer a outro planeta; ler e se inspirar; rir depois de tanto chorar; sentir um cheiro que te faz viajar; se emocionar com um animal; receber um beijo daqueles que te fazem querer entrar na pessoa e deixar de ser um pra ser dois. Pode parecer bobo pra você, mas pra mim faz mais sentido que disputar um espaço de notoriedade no contexto em que estamos inseridos. É irreal querer se destacar num mundo de iguais. Almejar um sucesso pra ser notado, deixando de se fazer presente pra quem importa de verdade. Não faz sentido querer ter o que todo mundo tem pra pensar que assim você vai ser importante. Já parou pra pensar em como vivemos, em como corremos e o que ganhamos com isso tudo? Já ultrapassamos todos os limites e descobrimos coisas inimagináveis. Somos capazes de quase tudo que o dinheiro pode comprar. Mas perdemos alguma coisa no meio do caminho. Alguma coisa, que talvez por ser pequena, foi deixada de lado, como se tamanho tivesse um significado na vida real. Não nos sentimos completos e preenchidos porque estamos buscando as respostas no lugar errado. Olhando pro nada tentando achar tudo. Querendo demais e precisando de quase nada. A eterna insatisfação de quem não sabe o que quer. Ou não sabe que quer. E que precisa. Talvez a gentileza não seja uma coisa tão notória quanto uma gorda conta bancária, mas garanto que pode trazer mais satisfação. E o amor praticado no dia-a-dia pode não ser tão entusiasmante quanto correr o mundo gastando fortunas, mas com certeza te traz mais riqueza e paz que qualquer aventura que o dinheiro pode comprar. Porque amar é a maior aventura que existe. Se jogar sem medo e entregar seu coração pra alguém, que apesar de não ser perfeito, faz você se sentir perfeito. E importante, precioso, amado. Eu sei que tudo isso pode parecer perfeitamente uma bobagem, mas o que é a vida se não uma bobagem? Que se vai tão depressa quanto o dia se põe. Mas que pode durar uma eternidade quando fazemos diferença pra alguém que realmente importa.

domingo, 21 de julho de 2013

Mais uma de milhares como esta.

Eu sou o caos. Sou a bagunça da estante, a toalha molhada sobre a cama, o quadro fora do lugar. Eu sou a sujeira embaixo do tapete, a poeira que recobre os móveis, a caixa cheia de memórias vazias. Sou o lixo não recolhido, o lodo dos azulejos, a ferrugem do portão. Sou a papelada inútil, a cinza de todos os incêndios, o mofo da parede. Eu sou a metade dos seus problemas e a solução de quase nada. Eu venho para quebrar, desorganizar, equivocar. Eu me arrasto pra fora de você o tempo todo, mas sempre volto correndo. E isso porque eu sou as seringas descartadas no lixo, os copos quebrados e os cabelos no ralo do banheiro. E também sou as orelhas dos livros, as borras de café no fundo da sua caneca e as folhas caídas no quintal. Eu atinjo e aflijo com a mesma intensidade. Mas também passo despercebida por entre tantos que também seguem, que vão por aí. Ai de mim se fosse pelo menos uma dessas coisas! Dentre todas as coisas que se pode desejar ser, ser eterno é a maior delas. Quero, assim como você, correr em direção contrária ao meu destino de ser humano, um destino que nem existe; uma existência que é passageira e efêmera, dura menos que o lodo, a ferrugem e as cinzas. Vale menos que a poeira, as folhas e o lixo. Não se iluda! Sobre todas as coisas que fazemos, a maior delas é fingir. Fingimos que somos isso ou aquilo, de um jeito ou de outro. Fingimos que nos importamos porque se não nos importarmos, quem o faria por nós? Certamente ninguém. E então o grande espetáculo que é a vida, estaria ameaçado, sem plateia, sem bilhetes vendidos, sem aplausos, lágrimas ou sorrisos. Atuar é importante. Acreditar, nem tanto. Dar continuidade ao caos, sem nem ao menos saber o porquê. Faça-o. Viva-o. E finja que é preciso. Dia após dia.

domingo, 14 de julho de 2013

Mais que ver, sentir. Mais que falar, ouvir. Fechar os olhos pro resto do mundo pra poder se enxergar. Quão raro é o seu tempo? E por quanto tempo vai durar? Acho que não será o bastante pra eu poder acreditar. Queria aceitar como é, sem questionar. Tentar não compreender o porquê, apenas receber o que vier e agradecer. Mas eu sou uma mente inquieta, de coração acuado e alma cansada. Ás vezes falta muito pouco pra eu jogar tudo pro alto, pra ter certeza de que na verdade nada me pertence. Nada nos pertence. Nós é que pertencemos a este mundo, onde permanecemos por um breve tempo entre o nascimento e a morte, chamado vida. E quando não somos mais úteis, somos descartados, tal e qual fazemos com o lixo nosso de cada dia. O que dói é a sensação de que somos essencialmente nada. Um bando de nadas em busca de tudo. Eu quero acreditar que no mundo do meu jeito, pois só assim é possível viver. Dizem que você precisa seguir algumas regras pra conviver, mas que outra perspectiva eu terei da vida se não a minha própria? Só posso responder pelas minhas experiências, pelas minhas vivências e sensações. Empatia sim, sempre. Mas ainda serei eu, respondendo pelo que sei. E, sabemos, não sei nada. Não sabemos e nunca saberemos. Hei de entender. Hei de aprender. Hei de aceitar. Hão de mudar. Hão de acordar. Hão de perceber. Há de perdoar-nos, pois não sabemos que estamos fazendo. São mais que reflexões as palavras que aqui eu sopro. É minh'alma refletida. Quando me abro, parto em pedaços que algum um dia há de recolher. E se não recolherem, que me varram pra bem longe, onde precisem de poeira. De poeira de estrela. Um lugar onde sonhar com o impossível seja permitido.

domingo, 9 de junho de 2013

Just Like Me

Sigo tentando ler o mundo ao meu redor. Observo por gosto, absorvo por hábito. Entre a rotina de ir e vir, sempre existe algo que permanece, que prende a atenção e implora pra ser lido. Assim eu encontro pelo caminho pessoas que valem a pena observar, talvez absorver e sempre decifrar. E por não me interessar pela leitura comum, fácil e descartável, sempre que posso me envolvo num enredo complexo onde a descoberta é o melhor estímulo que se pode ter. O interesse é sempre achar algo novo; talvez em comum, mas nunca comum. E você é assim, como um espelho pra mim. Não que eu veja meus reflexos em você, mas não se pode negar os traços idênticos marcados por vidas nada semelhantes mas igualmente interessantes. Me perguntou se era escancarado. Digo que por mais velado que fosse, eu ainda me enxergaria por aí. Como os opostos se atraem, os iguais se reconhecem. E é como se já tivessem se conhecido. Digo que nos reconhecemos. Entre tantas letras penduradas, melodias tocadas e vontades parecidas, uma certeza: somos ímpares, embora em número sejamos par. Seja quem você quiser porque você pode. Mas seja você porque eu quero. E pelo que eu não quero. Não quero me sentir sozinha. Quero olhar e me reconhecer e saber que fui reconhecida. E compreendida. E admirada. Nem que seja pelo fato de saber reconhecer alguém como você. E como eu. Como nós dois.