segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Coração

Quando eu penso que ele já se transformou em uma escultura pesada de pedra, ele começa a dar sinais de vida novamente. E de repente, tudo fica idiota mais uma vez. Pra variar, dessa vez eu vou tentar me convencer do contrário sempre que a oportunidade surgir. Mas esse maldito não vai me deixar em paz! Esse maldito cérebro com toda sua química e hormônios. E esse coração miserável que nem sequer guarda sentimento nenhum, mas sofre toda vez que eu penso que estou imune. A famosa falta de ar chega mais uma vez. Que dessa vez ela sugue todo o meu oxigênio e me deixe em paz de uma vez por todas. Amém.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Incompreensão

Vivendo como um fugitivo, ele vai. De esquinas em esquinas, ele se perde. De choros em choros, ele se acha. E vai e volta sempre pro mesmo lugar. Todos querem ouvir o que ele tem a dizer, mas poucos estão dispostos a compreender. Ele diz que prefere se abrir com quem consegue ver sua alma por trás de tudo o que ele diz. As coisas mais simples têm pra ele um significado. E é isso o que a maioria não quer ver. Como pode uma pessoa de alma pobre ver por trás das nuvens, músicas e sorrisos? Um pobre diabo não pode querer enxergar o divino. E isso ele sabia bem. Ele até que tentava fazer com que as pessoas pudessem entender, mas todas as vezes em que tentou, se saiu como um idiota. E agora que finalmente compreendeu que esse tipo de coisa só vê quem pode, ele decidiu se calar para os reles mortais que não entendiam o motivo de seu sorriso. Por tanto tempo ele quis sorrir. Hoje que ele pode, não vai deixar que as pessoas de alma pequena e coração amargurado o façam parar. Ele sabe, do fundo de seu novo coração, que está certo e que é assim que ele deseja viver. Não importando quantas portas se fecharem diante dele, nem quantas pessoas virando-lhe as costas toda vez em que ele for apenas ele mesmo.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O Mundo é Um Moinho

Ainda é cedo amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora da partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção querida
Embora saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões à pó

Preste atenção querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás a beira do abismo
Abismo que cavaste com teus pés


O mundo é um moinho - Cartola

Sem mais...


domingo, 2 de novembro de 2008

Bichos Escrotos

Estamos na era do amor. Todo mundo ama tudo, profundamente. Ai, que lindo. Emocionante. Que se foda esse sentimentalismo babaca. Por que diabos nós pensamos o tempo todo? Porque precisamos da razão pra viver. Nossa mente trabalha o tempo inteiro buscando respostas para as nossas questões. Então por que dá voz à emoção? Tudo isso não passa de química produzida pelo cérebro, nosso poderoso chefão. Seu coração só serve pra bombear o sangue. Você usa o cérebro pra tudo, mas tem gente que ainda não sabe como usar. Ninguém eu acho. Nosso cérebro, astúto que só ele, criou essa fantasia de amor pra vida ficar mais colorida aqui sabe? Bobagem, logo que o suposto amor acaba, as cores se vão. O cinza fica tão ou mais evidente quanto antes. Isso de as pessoas botarem emoção naquilo que fazem só atrapalham a vida e o progresso. Não perca tempo com essas bobagens, afinal tempo é dinheiro meu bem! Se todos nós nos concentrássemos em ganhar dinheiro e evoluir, tenho certeza que o mundo hoje seria outro. Os valores seriam substituídos pelo instinto de sobrevivência que as pessoas tentam tanto conter dentro de si. Pense bem, nós apenas procriaríamos pra ter com quem deixar o dinheiro depois de morrer. Aliás, a morte seria uma coisa menos triste. E seria também mais demorada, já que as pesquisas com células-tronco estariam anos-luz à frente. O mundo seria perfeito, não acha? Claro, acho que existiriam menos pessoas na Terra, já que não teríamos pena de ninguém e as ONGs de proteção à vida nem sequer seriam cogitadas. Agora se imagine num mundo onde tudo funciona, onde a culpa não exista, onde a razão prevaleça e ainda por cima com menos seres humanos nele. Caramba, me dá a passagem! E só de ida. Tô cansada dessa mentirada toda, dessa hipocrisia descarada, desse cinísmo revoltante, dessa falsa moral. Se é pra ser animal, vamos nos jogar. E com a vantagem do raciocíno lógico. E pelo "amor" de quem quer que seja, seja autêntico; seja logo o animal primitivo que você sempre foi.