sábado, 27 de novembro de 2010

Time has told me...

 Ah, o tempo. Desconfio que o tempo só tem beleza porque rouba a juventude de todos nós. Assim como tudo o que é bom. Mas o tempo não é somente belo. E a origem de sua feiura é a ignorância que ele nos suga. Assim como tudo o que é ruim. Todas as coisas, em absoluto, o tempo pode apagar. Deixar obsoleto o que sempre desejamos levar. E as coisas que ele traz são um presente pra quem sabe ouvir. Quando o tempo bate a porta, o barulho é tão suave que se você não prestar a devida atenção ele vai depressa e escapa antes que você possa sentir. E com ele vão-se os anos, as alegrias, as tristezas, a saúde, a beleza, a doença, as perdas, os ganhos, as coisas, as pessoas, a morte e, enfim, a vida. Tudo é hoje, e amanhã será tudo outra vez. E assim até que o tudo seja nada, ou tudo seja muito pouco, ou que tudo tenha mudado de nome e endereço. O tempo é pouco se você pensa no mundo e em quantos lugares ainda não esteve e gostaria de ir. O tempo é pouco se você pensa no amor e todas as outras coisas doces que ainda não experimentou. E o tempo é muito pouco quando você tem alguém ao lado que gosta de falar sobre nada tanto quanto você. Mas o tempo é muito e muito mau quando a saudade vem e te cobre até quase sufocar. O tempo é muito quando alguém vai embora sem ao menos se despedir. E o tempo é muito quando não resta nada, absolutamente nada a ser feito. Qualquer que seja ocasião, o tempo sempre está presente. Correndo ou se agarrando em qualquer fresta, ele está e é.  Querendo ou não, gostando ou não, notando ou não. Tenha por certo que o tempo é responsável por qualquer coisa que aconteça. Mas saiba também que ele não tem culpa de nada. Ele é como uma criança birrenta; só quer ser notado. E ele sabe negociar como ninguém. Use bem o seu tempo e ele te recompensará. E quando o tempo mau, porventura chegar, entenda que ele é passageiro, assim como tudo que há. E, acredite: se o tempo tivesse um manual, este teria apenas uma palavra, que seria: aproveite! Todo tempo é aproveitável, ainda que este possa não parecer muito afável. E se tudo e todos tem uma razão de ser, com o tempo é que não haveria de ser diferente. Se os anos te escaparam pelas mãos sem que você sequer percebesse, saiba agora que os anos que ainda te restam sabem perdoar. Mas de nada adianta se o perdão também não vier de dentro. Aprecie o que tem e o que ainda pode ter. Enquanto puder perceber, o tempo é todo teu.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

message in a bottle

Querendo um motivo pra escrever. Na verdade, motivos não faltam. O que me falta mesmo é ser capaz de falar sobre as coisas que quero falar. Mas existem coisas que não podem mesmo ser expressas em palavras, mesmo que isso soe como um clichê dos grandes. E deve ser mesmo, porque quando você não saber o que dizer, solta aquela frase feita e fica tudo bem. O fato é: algumas coisas precisam ser ditas, mas quem irá falar por mim? Esse tipo de trabalho sujo ninguém topa fazer. Até porque dizer não significa apenas pronunciar meia dúzia de palavras e achar que a mensagem foi captada. Tem o tom, o ritmo, o jeito e a hora certa. E você tem que dizer quando chega a hora. Sua mensagem precisa ser passada adiante. Não cale. Fale. Nem que apenas com os olhos. Nem que somente com o coração.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Eu preciso saber alguma coisa, qualquer coisa. Todos os dias eu tenho uma pergunta. As respostas no entanto não parecem querer me alcançar.E não adianta correr, não adianta gritar. No lugar onde moram as respostas, ninguém parece escutar. Afinal, de que me adianta ter todas as respostas quando eu não sei o que eu posso fazer com elas? A questão são as questões que sempre me rodeiam, que me tornam repetitiva, que fazem parte de um quebra-cabeça onde todas as peças ainda não se encaixaram. Gostaria que as coisas fossem como elas deveriam ser. O mundo, um lugar de gente. As pessoas...bem, essas eu não sei como deveriam ser. Será que devemos ser como somos? E o mundo só é possível por que é do jeito que é? Eu prefiro acreditar em outra coisa, mesmo que isto signifique estar cega. Não deve ser estranho querer o bem. Não deve ser estranho amar. Não deveria ser estranho ser bom. A regra virou excessão e estamos acostumados a tudo de ruim que o mundo pode oferecer. Assim sendo, eu me transformo no que há de errado com esse mundo. Eu não sou feroz, eu não cobiço o topo do mundo, eu não quero ser o melhor, eu não preciso provar nada e eu gosto de viver comigo mesma. Eu não gosto de mentir, o que não significa que eu não minta. Eu não gosto gosto da maldade, o que não significa que eu seja sempre boa. Mas eu sou assim. Eu não quero um mundo santo, onde todos sejam felizes para sempre. Até porque pra saber o que é ser feliz, é preciso conhecer antes as tristezas desta vida, que alguém um dia falou que eram demais. Mas é demais querer que a vida seja tranquila? Ter paz parece ser a maior utopia do mundo moderno. Um lugar que chamamos de lar mas que nem ao menos nos acolhe. Um lugar que dá armas nas mãos de uma criança, quando poderia dar um colo e um pedaço de pão. Este mesmo lugar que diz que você vale o quanto tem. Um lugar onde se mata em "nome de Deus". Este não é o meu lar. Não é aqui que meu coração bate mais forte. Quando eu sonho com um lar, não consigo saber ao certo onde fica e acho que não poderia saber. Eu fugiria. Mas fugir não é a solução mais sensata, sabemos disso. E, já que já estamos aqui, o que nos resta é lutar. Nem que sua luta seja somente com você mesmo. Você não precisa salvar o mundo, nem sabemos se é isso mesmo o que ele quer. Mas você tem que lutar, ao menos pra sobreviver. E se puder, para viver também. Você pode não estar no melhor lugar, na melhor época, com as melhores pessoas e as melhores perspectivas, mas esteja certo de que tem a melhor chance de todas: você ainda está vivo. E quando não encontrar o que procura, como eu não encontro minhas respostas, apenas concentre-se na busca. Pode ser a melhor parte. Não tem outro jeito, então faça o melhor que pode, não mais nem menos. Viva pra ficar em paz. Não queria abraçar o mundo, ele é grande demais e você sabe que por mais que sua vontade seja grande, seus braços são curtos. Mas abrace o que e quem você puder, sempre. Hoje é uma benção. Nos abençoe com o seu amor. E eu te abençoarei com o meu. Apenas tente.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

dead man walking

Eu gostaria de não me importar. Não tentar esquecer, mas nem ao menos lembrar. Gostaria de não achar. Achar pode virar uma quase certeza e quase certezas são perigosas. Gostaria de passar por entre as coisas e as pessoas e sair intacta. Pode levantar no outro dia e pensar que o ontem é passado e é lá que ele deve permanecer. Saber que o hoje é um outro dia. Gostaria de não saber. Mas não seria vida e sim sobrevida. Não se pode passar por uma pedra sem que ela interfira no seu caminho. Todas as coisas tem razão de ser, mesmo aquelas que nos machucam. Eu não entendo e talvez você também, mas tudo acontece como deve acontecer. Não há um fim claro. Ninguém sabe exatamente onde tudo isso vai terminar, mas sabemos que de fato, terminará. O que é bom ou ruim? Qual é o bem e o mal? Onde tudo isso foi delimitado? Certamente não nas nossas mentes. Todas as coisas deste mundo sofrem as consequências de nossas escolhas. E isso não pode ser em vão. O que de fato você se tornou? A maneira com a qual tratamos a vida não pode estar certa. Não que eu tenha medo da morte, ao contrário, a vida de algumas pessoas ainda me assusta. A morte, de fato, pode ser a coisa mais preciosa que temos. Alguns ainda não estão prontos para viver. E deve realmente ser assustador nascer num mundo como o nosso, como o fizemos. E do que estamos fugindo afinal? Não há pra onde ir. Por isso trancar-se num lugar onde você imagina deter ainda algum tipo de controle pode ser reconfortante, mas não deixa de ser uma fuga. E quando a fuga termina é redenção ou liberdade. Em que direção você caminha agora?

sábado, 1 de maio de 2010

saudades

E os ventos que levam tudo embora, trazem tudo outra vez. Dessa vez não é diferente. Mas quanto será preciso para deixar tudo lá trás? Por que sempre volta? Se os ventos não mais soprarem, então haverá a paz e o silêncio. E a morte.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Raios

Poucas vezes na vida você tem uma chance como essa. Por um segundo ou menos você deixa tudo de lado e vai pra onde ninguém mais vê. Talvez esse seja aquele momento final, a tão temida morte. Ou pode ser também a duração de um raio. Raios são maravilhosos. Quando eles chegam no meio da tempestade parecem mágicos. Se o tempo pudesse parar talvez você pudesse entender o tempo precioso que eles têm. Cada vez que eles clareiam o céu, algo também fica mais claro dentro de mim. Ainda assim, tudo ainda é muito escuro aqui dentro. Se eu pudese trazer um raio para dentro de mim...Quanto mais eles se aproximam, mais eu entendo as coisas que esse mundo não diz mas nos mostra o tempo todo. Se um raio pudesse chegar mais perto e esse fosse o meu momento final...Eu não saberia dizer o que se passa exatamente dentro da minha cabeça quando o mundo lá fora grita e eu ainda estou aqui. Talvez culpa por ainda estar aqui, talvez gratidão por ainda estar aqui, talvez tentando entender o por quê de eu ainda estar aqui. Mas o clarão e o barulho da chuva me deixam paralisada. Ou talvez eu esteja anestesiada, bêbada ou drogada. Mas eu não quero levantar e dizer :"Chega!". Não quero. Isto me levaria a dizer muitas, muitas outras coisas. Coisas que eu sequer consigo elaborar ou que talvez eu não tenha mesmo coragem de dizer. Talvez eu seja mesmo corvarde. Pode afiar sua língua e começar a falar que covardia não tem perdão. Mas entenda, eu não quero seu perdão. E não quero ser covarde também. Mas a gravidade me puxa a cada dia mais e eu não sei mais o que pensar ou fazer. Eu sou. Não tenho. Então eu não sou nada nesse mundo. E agora pode atirar em mim, mas eu não quero ter. Talvez os raios me fascinem por termos algo em comum: muitos podem nos ver, mas quase ninguém nos percebe. E se ser um humano que tem não está nos meus planos, eu definitivamente não sei o que vou fazer com o resto dos meus anos. Espero que ainda exista algum espaço pra mim na terra, na vida e nos corações. Enquanto isso eu deixo ir, deixo ir, deixo ir...