quarta-feira, 18 de junho de 2008

O Tratamento

Não cura nem alivia a dor. Faz o passado voltar e revira as covas do coração. Inquieta a alma com a dúvida e logo depois com a certeza. Volta no tempo sem ter tempo de explicar. Se confunde com o futuro que ainda não veio. Viaja na verdade pela estrada de mentira. Percorre as veias até que encontra o lugar. O problema não é ele, ela ou os outros. O problema é você que pensa demais. Você que não pode gostar, que não pode cantar, que não pode morrer mas não consegue viver. É que te botaram numa caixa de cristal. Mas esse nem teu grito quebra. Quando não se pode pisar na grama do jardim, não se pode sentir nada. Mistura tudo na cabeça. Ela não deixa. Até quando vai usar as pernas de outra pessoa? Será que sabe usar a sua? Por que simplesmente não aceita que você é como todo mundo? Porque te fizeram acreditar que era especial. Viveu nessa mentira por muito tempo. Mas agora sabe que ele não é ruim pra você. Você é que acha que é pior que todo mundo. Não é merecimento, mas você não entenderia. Todo mundo só consegue ver o que o próprio olho lhe mostra. Seria demais pedir para que sintam o mesmo que eu. Por isso esse grande mundo é só teu. É só você nele. O resto é o resto. Mas o resto incomoda. E quanto mais o resto se aproxima de você, mais você quer ficar sozinho. Ter o resto ao teu lado só pra piorar as coisas pra quê? Não resta nada. Não há cura. Só há espera.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

"Que eu sempre terei meu jeito de consolar.
É só ter alma de ouvir e coração de escutar."

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Dias que não voltam mais. Será?

O que será que falta nos dias de hoje? Será possível que só eu sinta que o tudo das pessoas se tornou um nada? Ou será que eu finalmente cresci pra ver que o mundo sempre foi assim e toda a suposta magia, por mais simples que fosse, era apenas um olhar de criança? Eu prefiro acreditar que antes era melhor, mesmo não sendo. Porque quando se olha para o hoje e não se tem perspectiva do amanhã, é mais fácil se prender ao passado "mágico". Mas talvez haja um pouco de verdade no meio de todo esse pensamento nostálgico. Nos dias passados, as paixões eram reais. Lutava-se por coisas mais autênticas que a legalização de alguma substância ilícita. Quando as pessoas falavam de amor elas estavam falando de largar tudo em nome disso. Hoje quando falam de amor podem estar falando pra uma pessoa que conheceram há uma semana ou pra um copo de plástico. Realmente não faz a mínima diferença pra toda essa juventude carente ou alienada, como vocês preferirem. Não sei se consigo passar o que sinto pra você que lê, mas é como se tudo o que eles sentem e dizem fosse muito bem elaborado com todos os adornos necessários para torná-los bonitos quando na verdade eles tem a profundidade de um papel e a autenticidade de uma árvore voadora. É estranho quando você vê uma foto e todos os rostos e roupas são assustadoramente iguais. Os gestos, os sorrisos e os cabelos são os mesmos. Eu sei, isso é uma questão de identidade, de uma nova geração. Sei também que todas as épocas tiveram isso, mas nenhuma parece tão vazia quanto a nossa. É lamentável que em plena era da informação nossa geração seja tão cega, surda e muda. Muito triste saber que, mesmo com toda essa tecnologia que permite alçar vôos tão altos e conquistar coisas importantes pro futuro, a maioria não consegue pensar por dois segundos em coisas que façam mais sentido que ser "pop". Essa parece ser a grande moda, a grande vitória. Hoje quem é V.I.P. é mais que eu e você. Por que? Pergunta pra eles. Há uma estranha necessidade de ser visto, de ser bom, de ser da "tchurma". Pra isso passa-se por cima de tudo. O velho cabelo cacheado vira lixo, as roupas que mamãe comprou são as piores, as amizades de infância não servem mais porque não são mais tão legais quanto os novos amigos que se drogam com loló. Descarta-se pessoas como se descartassem agulhas depois de um pico qualquer. Tudo o que um dia brilhou e foi importante pra você é jogado no lixo sem qualquer cerimônia em troca de ter um lugar nas festas. De repente os tênis são as melhores coisas que alguém pode ter. Não importa se seu novo "amigo de infância" é um filho da puta que bate na mãe pra pegar dinheiro ou se sua mais nova "irmã" humilha as meninas que ainda usam aquele casaco bordado que a vovó fez pra elas. Nada disso importa desde que eles tenham aquele tênis. Bem, novamente tudo isso parece muito familiar e lembra incrivelmente o passado. Pode ser que minha última pergunta la em cima seja a verdade. Pode ser que eu esteja generalizando e não esteja vendo o lado bom da geração que não se entrega assim tão facilmente aos modismos e as coisas vazias. Se for assim, cadê? Onde estão estas pessoas? Talvez elas sejam a minoria e estejam onde a minoria deve estar, escondida. Porque só assim eles se tornam raros e por consequência especias. E se é assim, o lado mau tem mesmo o lado bom e tudo é uma questão de ponto de vista. Se não, isso tudo é culpa da gente mesmo que nasce, cresce e morre assim, procurando uma identidade e um lugar pra se encaixar. Sendo sempre egoístas e dando continuidade à nossa eterna decadência. E então? Bem, então eu tô fudida. E você também.

Ao som de: Long Nights - Eddie Vedder

quarta-feira, 4 de junho de 2008

13 Ghosts II N.I.N.

Há muito mais perigo na esquina agora
E o tempo se vai muito mais fácil
As janelas estão fechadas hoje
E o vento voa muito mais longe

Todo mundo tem um truque
E todos fingem viver bem
Alguns não sentem medo
Porque no fundo eles já sabem o que vem

O barulho aumenta agora
São mais passos do que você pode suportar
E agora que tá chovendo
Não tem lugar pra ficar

No final sobra o silêncio
E uma vida decadente
Agora sabe com certeza
Que ele não vai estar mais aqui.