sexta-feira, 6 de junho de 2008

Dias que não voltam mais. Será?

O que será que falta nos dias de hoje? Será possível que só eu sinta que o tudo das pessoas se tornou um nada? Ou será que eu finalmente cresci pra ver que o mundo sempre foi assim e toda a suposta magia, por mais simples que fosse, era apenas um olhar de criança? Eu prefiro acreditar que antes era melhor, mesmo não sendo. Porque quando se olha para o hoje e não se tem perspectiva do amanhã, é mais fácil se prender ao passado "mágico". Mas talvez haja um pouco de verdade no meio de todo esse pensamento nostálgico. Nos dias passados, as paixões eram reais. Lutava-se por coisas mais autênticas que a legalização de alguma substância ilícita. Quando as pessoas falavam de amor elas estavam falando de largar tudo em nome disso. Hoje quando falam de amor podem estar falando pra uma pessoa que conheceram há uma semana ou pra um copo de plástico. Realmente não faz a mínima diferença pra toda essa juventude carente ou alienada, como vocês preferirem. Não sei se consigo passar o que sinto pra você que lê, mas é como se tudo o que eles sentem e dizem fosse muito bem elaborado com todos os adornos necessários para torná-los bonitos quando na verdade eles tem a profundidade de um papel e a autenticidade de uma árvore voadora. É estranho quando você vê uma foto e todos os rostos e roupas são assustadoramente iguais. Os gestos, os sorrisos e os cabelos são os mesmos. Eu sei, isso é uma questão de identidade, de uma nova geração. Sei também que todas as épocas tiveram isso, mas nenhuma parece tão vazia quanto a nossa. É lamentável que em plena era da informação nossa geração seja tão cega, surda e muda. Muito triste saber que, mesmo com toda essa tecnologia que permite alçar vôos tão altos e conquistar coisas importantes pro futuro, a maioria não consegue pensar por dois segundos em coisas que façam mais sentido que ser "pop". Essa parece ser a grande moda, a grande vitória. Hoje quem é V.I.P. é mais que eu e você. Por que? Pergunta pra eles. Há uma estranha necessidade de ser visto, de ser bom, de ser da "tchurma". Pra isso passa-se por cima de tudo. O velho cabelo cacheado vira lixo, as roupas que mamãe comprou são as piores, as amizades de infância não servem mais porque não são mais tão legais quanto os novos amigos que se drogam com loló. Descarta-se pessoas como se descartassem agulhas depois de um pico qualquer. Tudo o que um dia brilhou e foi importante pra você é jogado no lixo sem qualquer cerimônia em troca de ter um lugar nas festas. De repente os tênis são as melhores coisas que alguém pode ter. Não importa se seu novo "amigo de infância" é um filho da puta que bate na mãe pra pegar dinheiro ou se sua mais nova "irmã" humilha as meninas que ainda usam aquele casaco bordado que a vovó fez pra elas. Nada disso importa desde que eles tenham aquele tênis. Bem, novamente tudo isso parece muito familiar e lembra incrivelmente o passado. Pode ser que minha última pergunta la em cima seja a verdade. Pode ser que eu esteja generalizando e não esteja vendo o lado bom da geração que não se entrega assim tão facilmente aos modismos e as coisas vazias. Se for assim, cadê? Onde estão estas pessoas? Talvez elas sejam a minoria e estejam onde a minoria deve estar, escondida. Porque só assim eles se tornam raros e por consequência especias. E se é assim, o lado mau tem mesmo o lado bom e tudo é uma questão de ponto de vista. Se não, isso tudo é culpa da gente mesmo que nasce, cresce e morre assim, procurando uma identidade e um lugar pra se encaixar. Sendo sempre egoístas e dando continuidade à nossa eterna decadência. E então? Bem, então eu tô fudida. E você também.

Ao som de: Long Nights - Eddie Vedder

Um comentário:

  1. :)
    Que bonito!
    Somos a minoria, pq somos especiais!
    E na vdd,"aquele tênis" não cabe em nossos pés.
    PQ queremos dar passos longos e largos.
    E "esses tênis", são caros e se perdem rápido.
    Não servem para nós. E o q serve?
    Não sei, talvez seja melhor andar com os pés no chão.

    - pode ter ficado meio sem sentido, mas td bem!

    -beijão.;)

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