domingo, 29 de setembro de 2013

É na busca que nos perdemos.

Não gosto de pensar em perfeição pelo simples fato de não saber o que ela significa. Vivemos correndo atrás de alguma coisa que se aproxime do perfeito, da satisfação total, da plenitude. Algo que nos sirva de inspiração pra levantar todos os dias da cama e enfrentar todos os obstáculos da vida vida, sejam quais forem. Mas a questão é: você já chegou perto da perfeição? Não falo daquele tipo que é vendida em propagandas e nas capas de revistas. A perfeição é muito particular, significa coisas diferentes pra pessoas diferentes. Mas existem certas coisas, ainda que pequenas, que me parecem perfeitas - se é que posso chamá-las assim. Coisas como receber um sorriso de quem você ama e quando pergunta o por quê, ouve a resposta: "Tava só admirando."; levantar da cama se sentindo linda (e conseguir voltar pra ela ao final do dia com a mesma sensação); comer chocolate sem culpa; ter a liberdade de adorar o clima mesmo que ele não esteja ensolarado; ouvir uma música e ser transportado pra outro planeta; ver um filme e querer pertencer a outro planeta; ler e se inspirar; rir depois de tanto chorar; sentir um cheiro que te faz viajar; se emocionar com um animal; receber um beijo daqueles que te fazem querer entrar na pessoa e deixar de ser um pra ser dois. Pode parecer bobo pra você, mas pra mim faz mais sentido que disputar um espaço de notoriedade no contexto em que estamos inseridos. É irreal querer se destacar num mundo de iguais. Almejar um sucesso pra ser notado, deixando de se fazer presente pra quem importa de verdade. Não faz sentido querer ter o que todo mundo tem pra pensar que assim você vai ser importante. Já parou pra pensar em como vivemos, em como corremos e o que ganhamos com isso tudo? Já ultrapassamos todos os limites e descobrimos coisas inimagináveis. Somos capazes de quase tudo que o dinheiro pode comprar. Mas perdemos alguma coisa no meio do caminho. Alguma coisa, que talvez por ser pequena, foi deixada de lado, como se tamanho tivesse um significado na vida real. Não nos sentimos completos e preenchidos porque estamos buscando as respostas no lugar errado. Olhando pro nada tentando achar tudo. Querendo demais e precisando de quase nada. A eterna insatisfação de quem não sabe o que quer. Ou não sabe que quer. E que precisa. Talvez a gentileza não seja uma coisa tão notória quanto uma gorda conta bancária, mas garanto que pode trazer mais satisfação. E o amor praticado no dia-a-dia pode não ser tão entusiasmante quanto correr o mundo gastando fortunas, mas com certeza te traz mais riqueza e paz que qualquer aventura que o dinheiro pode comprar. Porque amar é a maior aventura que existe. Se jogar sem medo e entregar seu coração pra alguém, que apesar de não ser perfeito, faz você se sentir perfeito. E importante, precioso, amado. Eu sei que tudo isso pode parecer perfeitamente uma bobagem, mas o que é a vida se não uma bobagem? Que se vai tão depressa quanto o dia se põe. Mas que pode durar uma eternidade quando fazemos diferença pra alguém que realmente importa.

domingo, 21 de julho de 2013

Mais uma de milhares como esta.

Eu sou o caos. Sou a bagunça da estante, a toalha molhada sobre a cama, o quadro fora do lugar. Eu sou a sujeira embaixo do tapete, a poeira que recobre os móveis, a caixa cheia de memórias vazias. Sou o lixo não recolhido, o lodo dos azulejos, a ferrugem do portão. Sou a papelada inútil, a cinza de todos os incêndios, o mofo da parede. Eu sou a metade dos seus problemas e a solução de quase nada. Eu venho para quebrar, desorganizar, equivocar. Eu me arrasto pra fora de você o tempo todo, mas sempre volto correndo. E isso porque eu sou as seringas descartadas no lixo, os copos quebrados e os cabelos no ralo do banheiro. E também sou as orelhas dos livros, as borras de café no fundo da sua caneca e as folhas caídas no quintal. Eu atinjo e aflijo com a mesma intensidade. Mas também passo despercebida por entre tantos que também seguem, que vão por aí. Ai de mim se fosse pelo menos uma dessas coisas! Dentre todas as coisas que se pode desejar ser, ser eterno é a maior delas. Quero, assim como você, correr em direção contrária ao meu destino de ser humano, um destino que nem existe; uma existência que é passageira e efêmera, dura menos que o lodo, a ferrugem e as cinzas. Vale menos que a poeira, as folhas e o lixo. Não se iluda! Sobre todas as coisas que fazemos, a maior delas é fingir. Fingimos que somos isso ou aquilo, de um jeito ou de outro. Fingimos que nos importamos porque se não nos importarmos, quem o faria por nós? Certamente ninguém. E então o grande espetáculo que é a vida, estaria ameaçado, sem plateia, sem bilhetes vendidos, sem aplausos, lágrimas ou sorrisos. Atuar é importante. Acreditar, nem tanto. Dar continuidade ao caos, sem nem ao menos saber o porquê. Faça-o. Viva-o. E finja que é preciso. Dia após dia.

domingo, 14 de julho de 2013

Mais que ver, sentir. Mais que falar, ouvir. Fechar os olhos pro resto do mundo pra poder se enxergar. Quão raro é o seu tempo? E por quanto tempo vai durar? Acho que não será o bastante pra eu poder acreditar. Queria aceitar como é, sem questionar. Tentar não compreender o porquê, apenas receber o que vier e agradecer. Mas eu sou uma mente inquieta, de coração acuado e alma cansada. Ás vezes falta muito pouco pra eu jogar tudo pro alto, pra ter certeza de que na verdade nada me pertence. Nada nos pertence. Nós é que pertencemos a este mundo, onde permanecemos por um breve tempo entre o nascimento e a morte, chamado vida. E quando não somos mais úteis, somos descartados, tal e qual fazemos com o lixo nosso de cada dia. O que dói é a sensação de que somos essencialmente nada. Um bando de nadas em busca de tudo. Eu quero acreditar que no mundo do meu jeito, pois só assim é possível viver. Dizem que você precisa seguir algumas regras pra conviver, mas que outra perspectiva eu terei da vida se não a minha própria? Só posso responder pelas minhas experiências, pelas minhas vivências e sensações. Empatia sim, sempre. Mas ainda serei eu, respondendo pelo que sei. E, sabemos, não sei nada. Não sabemos e nunca saberemos. Hei de entender. Hei de aprender. Hei de aceitar. Hão de mudar. Hão de acordar. Hão de perceber. Há de perdoar-nos, pois não sabemos que estamos fazendo. São mais que reflexões as palavras que aqui eu sopro. É minh'alma refletida. Quando me abro, parto em pedaços que algum um dia há de recolher. E se não recolherem, que me varram pra bem longe, onde precisem de poeira. De poeira de estrela. Um lugar onde sonhar com o impossível seja permitido.

domingo, 9 de junho de 2013

Just Like Me

Sigo tentando ler o mundo ao meu redor. Observo por gosto, absorvo por hábito. Entre a rotina de ir e vir, sempre existe algo que permanece, que prende a atenção e implora pra ser lido. Assim eu encontro pelo caminho pessoas que valem a pena observar, talvez absorver e sempre decifrar. E por não me interessar pela leitura comum, fácil e descartável, sempre que posso me envolvo num enredo complexo onde a descoberta é o melhor estímulo que se pode ter. O interesse é sempre achar algo novo; talvez em comum, mas nunca comum. E você é assim, como um espelho pra mim. Não que eu veja meus reflexos em você, mas não se pode negar os traços idênticos marcados por vidas nada semelhantes mas igualmente interessantes. Me perguntou se era escancarado. Digo que por mais velado que fosse, eu ainda me enxergaria por aí. Como os opostos se atraem, os iguais se reconhecem. E é como se já tivessem se conhecido. Digo que nos reconhecemos. Entre tantas letras penduradas, melodias tocadas e vontades parecidas, uma certeza: somos ímpares, embora em número sejamos par. Seja quem você quiser porque você pode. Mas seja você porque eu quero. E pelo que eu não quero. Não quero me sentir sozinha. Quero olhar e me reconhecer e saber que fui reconhecida. E compreendida. E admirada. Nem que seja pelo fato de saber reconhecer alguém como você. E como eu. Como nós dois.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Todo Dia

Todo dia é uma nova chance. De mudar, de crescer, de transformar, de dizer,de revelar, de continuar como está. Dizer que depende apenas da nossa vontade, no entanto, me parece um pouco ingênuo demais. Mas todos os dias em que você acorda, são dias que podem trazer algo novo. Até mesmo aquele dia em que "seria melhor nem ter levantado da cama" pode ser surpreendentemente positivo. Não do tipo que vende livros de auto-ajuda, mas do tipo que te ajuda de verdade. Nem sempre as lições que tomamos são entendidas de imediato. Me arrisco a dizer que algumas levam tempo demais até. No entanto, todas são importantes. Não é possível listar quais seriam as lições que você precisaria aprender; cada um sabe de si. Mas o que é preciso entender é que os sinais existem e talvez você os esteja ignorando enquanto reclama que nada muda. São sutis os ventos que sopram as mudanças pelo mundo. Existe toda uma rede de acontecimentos que precede o mais insignificante dos fatos. O acaso é uma ilusão. Portanto, preste mais atenção quando acordar pela manhã e notar que "nada" mudou. As coisas continuam como estão até o dia em que deixam de continuar. E nunca se sabe quando será este dia.